Traços de autismo leve em crianças: sinais, diagnóstico e tratamento

Muitas vezes, os traços de autismo leve (TEA nível 1) podem passar despercebidos no dia a dia ou, ao contrário, levantar dúvidas que tiram o sono de mães e pais de crianças pequenas. 

Em qualquer um dos casos, esses sinais — por mais sutis que pareçam — precisam ser avaliados e compreendidos para que os pequenos, com autismo ou não, possam receber o melhor tratamento. 

Por isso, no artigo de hoje você vai entender o que é TEA nível 1, como diagnosticar autismo e o que pode ser confundido com autismo leve. Acompanhe!

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O que é autismo leve?

O autismo leve, também conhecido como TEA nível 1, é uma das manifestações clínicas do transtorno que se caracteriza por sinais e sintomas mais brandos. Logo, as crianças com autismo nível 1 costumam ser altamente funcionais, ou seja, precisam de pouco suporte para para a realização das atividades cotidianas.

Isso porque, em geral, as crianças com autismo leve não apresentam prejuízos nas capacidades intelectuais e de comunicação e, dessa maneira, com apoio para desenvolver habilidades de interação social,  crescem com mais autonomia.

Para você ter ideia, muitos adultos diagnosticados — tardiamente — com autismo nível 1 levam vidas totalmente independentes: têm carreiras bem-sucedidas, famílias e vida social ativa.

E esse diagnóstico só é possível pela observação de sinais típicos de TEA. Assim, confira quais são os traços de autismo leve.

Quais são os traços de autismo leve?

Os traços de autismo leve são relacionados à socialização, comunicação e planejamento, como:

  • dificuldade para manter diálogos;
  • dificuldades de comunicação não-verbal;
  • evitação de contato visual;
  • fala mecânica;
  • preferência por atividades individuais;
  • dificuldade de planejamento;
  • resistência a mudanças de rotina;
  • apego a objetos específicos;
  • comportamentos repetitivos.

Entenda melhor cada um desses traços de autismo nível 1.

Dificuldade para manter diálogos

Para crianças com autismo leve, iniciar e manter diálogos pode ser um desafio, e não porque elas não conseguem conversar, mas por  certa dificuldade de compreensão de contextos. 

É comum que elas conversem sobre temas de interesse exclusivo e não consigam seguir a troca natural de um bate-papo e, por isso, podem não responder adequadamente a perguntas ou comentários.

Dificuldades de comunicação não-verbal

Interpretação de gestos, expressões faciais e linguagem corporal costumam ser difíceis para as crianças com autismo leve. E, como boa parte da comunicação humana é não-verbal, os diálogos e interações sociais podem ser prejudicados.

Evitação de contato visual

Um dos sinais mais comuns de TEA também aparece como um dos traços de autismo leve. 

Crianças com TEA nível 1 costumam olhar para o lado ou para baixo durante conversas, o que pode ser interpretado como falta de interesse ou timidez.

Fala mecânica

A fala das crianças com TEA nível 1 pode ser gramaticalmente correta e fluida, mas soar mecânica ou robótica a quem ouve. Em muitos casos, o tom de voz permanece inalterado, sem as entonações esperadas para demonstrar possíveis emoções associadas ao seu discurso. 

Preferência por atividades individuais

Crianças com autismo leve costumam preferir atividades individuais, evitando o engajamento em brincadeiras e outras atividades em grupo. 

Elas podem parecer desinteressadas em brincar com outras crianças e demonstrar dificuldade para se envolver em atividades que exigem interação social prolongada ou contínua.

Dificuldade de planejamento

Decidir a  ordem das tarefas  e elaborar um plano de ação para executá-las é uma dificuldade comum no autismo. 

Como consequência, as crianças com TEA nível 1 tendem a encontrar obstáculos para seguir uma sequência de atividades, completar tarefas ou organizar objetos e ambientes sem ajuda.

Resistência a mudanças de rotina

A previsibilidade costuma ser importante na rotina de qualquer criança, mas, para as que têm autismo leve, saber o que lhes aguarda no dia a dia traz ainda uma sensação de segurança ainda maior.

Sem isso, elas se sentem desconfortáveis e ansiosas, e tendem a não reagir bem frente a mudanças repentinas em suas atividades ou no seu ambiente.

Apego a objetos específicos

Crianças com autismo leve podem desenvolver um forte apego a objetos específicos, como brinquedos ou itens de conforto. Esse sentimento  proporciona segurança e previsibilidade, e elas podem ficar angustiadas se o objeto não estiver disponível.

Comportamentos repetitivos

Comportamentos repetitivos — chamados de estereotipias —, como balançar, bater palmas, repetir sons e palavras, são comuns na criança com TEA, incluindo o autismo nível 1.

Esses padrões  normalmente aumentam de intensidade em situações de estresse ou ansiedade e ajudam na autorregulação emocional.

Todos esses sinais, apesar de estarem presentes com frequência no autismo leve, também podem ser encontrados em outros tipos de transtorno, o que pode dificultar o diagnóstico.

Veja o que leva a essa confusão entre TEA e outros transtornos.

O que pode ser confundido com autismo leve?

O autismo nível 1 pode ser confundido com TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade), TOC (Transtorno Obsessivo-Compulsivo), TOD (Transtorno Opositivo-Desafiador), Transtorno de Desenvolvimento da Linguagem (TDL) e atrasos na fala. Essas condições costumam apresentar sintomas semelhantes aos observados no autismo leve e podem atrasar o diagnóstico correto.

Por exemplo, crianças com TDAH também costumam ter dificuldade de planejamento e interação social. 

A irritabilidade e agressividade do TOD são motivadas pela frustração e por figuras de autoridade. Enquanto, no TEA, essas reações são desencadeadas sem motivo aparente ou por quebra de padrões, como mudanças na rotina.

O atraso na fala — demora para começar a falar, troca de letras etc — é comum no autismo leve, mas nem sempre é um sinal do transtorno, já que acontece também em outros distúrbios de fala e linguagem. 

Já o TDL, que é critério de exclusão para o diagnóstico de TEA — se a criança tem TDL, não pode tem TEA, e vice-versa — apresenta sinais como dificuldades de comunicação e interação social

Além disso, muitos dos transtornos que compartilham os sinais de autismo leve aparecem como comorbidades comuns do TEA, como é o TDAH e o TOD.

Como diagnosticar autismo leve?

O diagnóstico do autismo leve, assim como o do moderado ou severo, é clínico e realizado a partir de testes que envolvem tanto as informações fornecidas pelos pais quanto a observação do pequeno  em ambiente terapêutico. Uma criança pode ser diagnosticada com autismo a partir dos 3 anos de idade. 

O TEA tem tratamento e o diagnóstico precoce é importante para que as famílias possam procurar as melhores opções para seus filhos. Aliás, segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria, o padrão ouro para tratamento do autismo é a intervenção precoce, com equipe interdisciplinar: médico, psicólogo, fonoaudiólogo, psicopedagogo, terapeuta ocupacional.

Portanto, se você suspeita que seu filho tem traços de autismo leve, não hesite em procurar profissionais qualificados para te orientar nessa jornada pela busca de saúde e qualidade de vida.

Este artigo foi escrito pela equipe KidBrains: fonoaudiologia e psicologia on-line para crianças e adolescentes.

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